Manner of Death é um livro tailandês escrito por Sammon, que foi publicado aqui no Brasil pela editora BLB em 2021. A segunda edição, com nova capa, já está em pré-venda.
O protagonista é o Dr. Bunnakit, médico forense que trabalha na província do norte na Tailândia. Bunnakit fica responsável por realizar a autópsia de uma mulher que foi encontrada enforcada em seu apartamento. Logo fica claro que não se trata de um suicídio, mas sim de um assassinato, entretanto, antes que possa colocar essa conclusão em seu relatório, Bunnakit é agredido por um homem misterioso que ameaça matá-lo caso não marque a causa da morte como suicídio. O suspeito número um passa a ser Tann, o namorado da vítima, que alega ser inocente. Aí começa um jogo de gato e rato no qual apenas os mais inteligentes sobrevivem.
Antes de tudo, queria dizer que sou uma completa leiga quando se trata da Tailândia. Nunca li nenhuma novel do país, nem assisti nenhum de seus diversos doramas BL, esse foi o meu primeiro contato com uma obra tailandesa.
Achei legal ter um glossário no início do livro para explicar, principalmente, termos médicos e particularidades culturais da Tailândia. Como não sei muito sobre nenhum desses dois assuntos, foi interessante ter esse glossário logo de cara, no início do livro. Ajudou bastante e eu não tive que parar a leitura para pesquisar coisas no google.
Aliás, as descrições de autópsias e ferimentos são bem gráficas nesse livro, a autora realmente demonstrou todo o conhecimento técnico que ela tem da área, por isso não recomendo para quem tem estômago fraco para esse tipo de coisa.
Esse é um thriller envolvente, cheio de mistérios e de reviravoltas. Nada é preto no branco, e assim que um mistério é resolvido, logo surge outro para continuar a levar a trama para frente. Eu gostei disso, porque o livro não tem nenhum momento muito parado. Sammon conseguiu distribuir bem as intrigas pelo livro todo, de forma a sempre manter o leitor engajado e interessado em saber como aquela história vai acabar. A escrita também é muito gostosa de ler, tem um ritmo bacana, e os personagens são cativantes e muito interessantes.
Achei legal que o livro seja do ponto de vista do médico legista porque geralmente, em romances policiais, vemos tudo por parte da polícia ou das vítimas e/ou seus familiares. Quem me conhece sabe que sou uma entusiasta do true crime, então esse livro foi um prato cheio pra mim.
Quanto à parte do Boys Love, pessoalmente, achei que a relação de Bunn e Tann meio que caiu de paraquedas no meio da história. Gostei da dinâmica dos dois, acho que são um ótimo casal, mas não senti aquela antecipação para ver os dois juntos. Não foi um casal que você vê se aproximando gradualmente, mas algo mais repentino, que aparece de uma hora para outra.
Uma coisa que me incomodou um pouco foi a troca do ponto de vista. Confesso que não sou muito chegada em narrativa em primeira pessoa, apesar de reconhecer que ela pode sim ser muito bem feita. Perto da metade desse livro, começa uma troca de ponto de vista em cada capítulo e isso me deixa um pouco incomodada. Não é difícil perceber qual é o personagem que está narrando no momento, normalmente já dá para ver logo na primeira página, mas mesmo assim acho que essa troca poderia acontecer com menos frequência. Ficamos indo e voltando em flashbacks e a história até volta um pouquinho de um capítulo para o outro, para complementar algo de uma cena que já vimos, isso ficou um pouco bagunçado, na minha opinião. Entendo que essa estratégia tenha servido para revelar alguns mistérios para nós, leitores, antes que fossem revelados para os personagens, mas sinto que isso também tirou um pouco da graça dessa revelação.
No geral, gostei bastante do livro, achei a trama muito interessante e até fiquei curiosa para assistir a versão em dorama dessa história. Recomendo bastante para os fãs de suspense e de ficção policial, mas que também não abrem mão um bom e velho romance.
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