Etsuko, autora de JOY, relança One-shot com tradução em português

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Etsuko, a autora do mangá BL “JOY” e sua continuação “JOY Second“, ambos publicados pela editora NewPOP no Brasil, divulgou em seu perfil no Twitter sobre uma Mini Exposição que ocorrerá do dia 25 de julho até 28 de agosto de 2022, em Osaka, sobre seu One-shot (história curta) “Small Good Things“, que ganhou o título em português “Pequenas Coisas Boas“. Neste evento, ela fará uma palestra no dia 4 de agosto falando sobre o processo de tradução da obra para o português.

A obra estará a venda no Japão por 2.200 ienes, a partir do dia 25 de julho, no local do evento e através de pedidos pela internet. Por vários serviços de entrega para o Brasil do Japan Post estarem parados até o momento, ainda não há data de lançamento para o Brasil. A autora informou que está estudando outras formas de envio e informará futuramente.

A seguir, faremos um resumo da matéria original e, em seguida, traremos o relato de Kousaka-Ouji, redator/tradutor do Blyme, que foi responsável pela tradução do One-shot para o português.


Sobre a obra

Small Good Things” é um One-shot que foi originalmente publicado em 2017 na falecida revista “Hibana”. Após a publicação original, Etsuko também chegou a lançar a obra como doujinshi, tanto em versão física quanto digitalmente. O diferencial deste novo encadernado é que ele possui o One-shot tanto na versão em japonês quando na versão português, totalizando 106 páginas (48 páginas com a versão em português e 48 páginas com a versão em japonês).

A obra conta a história de Kikkawa, Shiikuma e o gato Puchi. Eles trabalham em uma agência de detetives, mas não recebem nenhuma consulta sobre grandes casos criminais e os dias são pacíficos. Um dia, Kikkawa e Shiikuma recebem um caso para investigar uma traição e vão até o local. A cena que eles veem ali acaba movendo seus corações. Afinal, que tipo de sentimento é amar alguém?

O começo de tudo

Em 2021, suas obras “JOY” e “JOY Second” ficaram no topo dos Mais Vendidos da Amazon brasileira e isso deixou Etsuko surpresa. Foi um fenômeno que nunca havia acontecido no Japão e nem em nenhum outro país, então ficou muito curiosa. Ela sentiu o calor dos fãs brasileiros em suas redes sociais, então começou a surgir nela uma vontade de fazer alguma coisa.

Etsuko conta que este projeto começou a partir de um pensamento muito simples de “eu gostaria de publicar algo traduzido para o português”. Ela deveria lançar de forma independente? Através de uma editora? Físico? Digital? No começo, não sabia o que fazer.

O recrutamento pelo Twitter

Haviam muitas outras formas de procurar tradutores, seja através de editoras que ela conhecia ou de empresas de tradução. No entanto, Etsuko resolveu não utilizar essas formas convencionais e perguntou no Twitter se não haveriam tradutores brasileiros interessados. A reação foi grande e ela recebeu muito mais respostas do que imaginava. Por fim, acabou selecionando três candidatos para a entrevista via Zoom.

Kousaka-Ouji, Yuu Hirae e Diego Deguchi, respectivamente

Segundo a autora, os três candidatos eram tão maravilhosos que ela não conseguiu escolher apenas um. Dessa forma, ela resolveu dar a cada um dos três uma tarefa diferente. Como dito anteriormente, nosso integrante Kousaka-Ouji ficou responsável pela tradução. Os outros dois candidatos, Yuu Hirae e Diego Deguchi, ficaram responsáveis pela pela revisão e pela publicidade, respectivamente.

O processo

Algo que Etsuko sempre considerou importante desde o início era que todos os envolvidos pensassem com carinho no que era o melhor a ser feito. Ela acreditava que más intenções, como priorizar o lucro, não produziriam bons resultados. Sendo assim, ela sente que conseguiu estabelecer um ambiente em que todos eram gentis e compreensivos.

Nesse processo, Etsuko conta que teve muitos momentos difíceis, por ser um tipo de trabalho que ela não estava acostumada a fazer. Ela precisou fazer muitas perguntas e aceitar muitas opiniões, mas se a questionarem se o resultado final foi o que ela esperava, ela pode dizer com orgulho que sim.

O relato de Kousaka-Ouji

Em um belo dia, eu acordei com trocentas notificações no meu Twitter e já pensei: “pronto, chegou meu cancelamento! O que será que eu fiz?”. Mas, para minha surpresa, foi o contrário: diversos amigos, seguidores e mutuals me marcando em um tweet da Etsuko-sensei em português precisando de um brasileiro que falasse japonês. Nem sequer cogitando a possibilidade de isso ser um recrutamento para um trabalho oficial de tradução, respondi informalmente algo do tipo: “precisando, tamo ae!”. Para minha surpresa, mais uma vez, a Sensei me chamou e ofereceu a proposta, agendando uma entrevista via Zoom.  Aliás, muito obrigado a todos que me marcaram. Foi graças à vocês que tive essa oportunidade.

Foi somente quando recebi a “boneca” da obra (uma versão impressa em folhas A4, pré-encadernamento) em japonês, junto de uma carta escrita a mão pela Sensei, que tive a consciência de que era real e eu realmente iria trabalhar na tradução de algo de uma das autoras de BL que mais admiro. 

Dentre os três candidatos escolhidos, eu era o mais familiarizado com BL e com as obras da Etsuko (de quem também me tornei fã após “JOY”). No entanto, como a autora destacou, os outros dois também eram pessoas maravilhosas e foi muito mais reconfortante traduzir podendo consultá-los e contar com a revisão de texto deles. Certamente eu não teria chegado na tradução ideal sem a ajuda deles, visto que traduzir e revisar sozinho é extremamente limitante e arriscado. No final, viramos um time de amigos fazendo as coisas com muito gosto e empenho.  

Nos preocupamos com a possibilidade da Sensei não obter o retorno esperado dos brasileiros, uma vez que haveriam diversas barreiras logísticas e econômicas para vender o mangá aqui no Brasil, levando em conta a preferencia dos leitores por obras físicas em detrimento do digital. Depois de muito discutirmos sobre como abordar essa preocupação com a autora, tivemos uma resposta que nos tocou profundamente: “Se vendermos uma cópia já vai ter sido um sucesso para nós”. A Sensei e a Designer responsável pelo projeto com ela estavam fazendo uma aposta arriscada, porém com muitos sentimentos envolvidos. O objetivo era traduzir de uma forma inesperada, para uma língua inesperada, sem intermédio de editoras, por conta própria e investindo muito tempo, dinheiro e carinho. E nós apostamos juntos e desejamos todo o sucesso possível. 

Para além do processo de recrutamento e desenvolvimento desse projeto, nossas reuniões via Zoom foram, em diversos momentos, como chamadas de vídeo que fazemos com amigos (e de fato posso dizer que nos tornamos amigos). Durante o processo de tradução, além de ter uma vantagem bem rara por aqui – o contato direto com o autor em caso de dúvida – tivemos oportunidade de conversar sobre diferenças culturais e apresentar coisas do Brasil para Etsuko-sensei.  

Apesar de não ser uma obra BL – uma vez que foi lançada originalmente em uma revista Seinen – a obra traz essa nuance. Quando a li pela primeira vez, achei bem sensível e até educativa, além de ser muito fofa. É um mangá que traz a essência da Etsuko-sensei. Fico muito, muito grato mesmo de poder fazer parte desse projeto tão diferente e de ter tido a honra de traduzir uma obra tão fofinha. Muito obrigado a todos os envolvidos! 

Por enquanto, o que foi divulgado foi apenas para o público japonês, com foco no evento e no lançamento do mangá no Japão. No entanto, talvez tenhamos surpresas para os fãs brasileiros posteriormente.  

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